O Flautista Hipnotizado
Se a lenda se passa em Hamelin, a verdadeira realidade está mesmo por aqui perto. A doença do meu tio lembra-me o poder do flautista de Hamelin. O meu tio não hipnotizou ratos durante a sua vida, mas as ratazanas que hoje se esquecem do que ele já foi fazem-me pensar nos habitantes daquela aldeia alemã.
Era bom que pudesses afogar estas ratazanas num qualquer ribeiro perto de ti, mas as tuas forças já não existem. A cabeça, sobretudo esta, invadida por algo a que um senhor, também alemão, de apelido Alzheimer, descobriu.
As ratazanas não sabem distinguir um bordel de uma casa de jogos. Pairam como as moscas e incomodam como as melgas. Precários como o que surge do nada. Adoram-te mas nada por ti fazem. Dão palpites, mas nada resolvem. Como se andassem em círculos e facilmente passam bola para outro lado. Como estes.
Parece que quem foi hipnotizado foste tu, tio. E se há imagens que ficam registadas na minha memória serão as de ontem em que quando te vi, agarraste-me fortemente nas mãos, como se me estivesses mesmo a conhecer. Quando parti, parecias uma das crianças hipnotizadas pelo flautista, deitado, com uma flauta na mão e um ursinho de peluche a brincar como se fosses um bébé. Sem ruídos.
Silêncio e tristeza foi o meu caminho até casa.
Era bom que pudesses afogar estas ratazanas num qualquer ribeiro perto de ti, mas as tuas forças já não existem. A cabeça, sobretudo esta, invadida por algo a que um senhor, também alemão, de apelido Alzheimer, descobriu.
As ratazanas não sabem distinguir um bordel de uma casa de jogos. Pairam como as moscas e incomodam como as melgas. Precários como o que surge do nada. Adoram-te mas nada por ti fazem. Dão palpites, mas nada resolvem. Como se andassem em círculos e facilmente passam bola para outro lado. Como estes.
Parece que quem foi hipnotizado foste tu, tio. E se há imagens que ficam registadas na minha memória serão as de ontem em que quando te vi, agarraste-me fortemente nas mãos, como se me estivesses mesmo a conhecer. Quando parti, parecias uma das crianças hipnotizadas pelo flautista, deitado, com uma flauta na mão e um ursinho de peluche a brincar como se fosses um bébé. Sem ruídos.
Silêncio e tristeza foi o meu caminho até casa.
8 comentários:
:(
abraços e beijos de conforto para ti :)
Coisas com as quais temos que começar a lidar, dada a nossa idade. E que acho que devem fazer parte da nossa vida: ajudar e apoiar os que nos são queridos. Vermos mais além do nosso umbigo. Coragem e nunca te esqueças do que ele representa para ti. A minha tarde hoje foi uma matiné dedicada à minha avó. Foi um tempo muito bem empregue e passado, acredita!
Beijos e abraços
enorme abraço.
solidário.
(a vida é mesmo um rio. cheio de "fundos").
_____________
Contigo.
imf.
:((
Abracinho!
Extravaganza :) É verdade, Extravaganza. Por vezes naum empregamos o nosso tempo em coisas que realmente deveríamos fazer... e dada a minha idade, é preciso realmente cair em consciência de que a vida por cá naum é eterna.
Pelo menos da forma como hoje somos.
Obrigado pelas tuas palavras.
Bjzz sem idade
Imf :) Minha querida, onde andas? Acabasta novamente com o blog... Fui lá há dias e "ponto final". :Z
Será que já o abriste novamente?
A vida é um rio cheio de fundos... e sedimentos! :)
Bjzz solidários
Van Dog, Lid, Lisbongirl :))) Obrigado pelas vossas palavras e expressões :) Mesmo! Bom saber que há alguém que nos sinta. :)
Bjzz confortados
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