2008/04/30

O Silêncio Infiltra-se


Às vezes dizemos frases e damos respostas que nos saem de forma espontânea, directa, sem termos tido tempo para reflectir. E assustamo-nos. Não nos foi permitido tempo para dormir sobre o assunto e no dia a seguir, voltar a meditar sobre o tema. Não há tempos para hesitações nem para falsas humildades. O que há após isso é tempo para reflectir, aguardar de cara erguida pelos sofrimentos que se aproximam, confessar a nossa miséria por tudo o que não compreendemos.

A única referência que temos é o nosso próprio reflexo.

[photo by Kraak @ Praga (CZ), 25 Abr '08]

2008/04/29

Kraak (Com FranJapanalak), Fever-Set, 26 Abr '08


A quem possa interessar, um resumo do set da noite "Fever", onde partilhei o djing com o norte-americano Franjapanalak, encontra-se aqui disponível! :)







[photo by Anna @ Blind Eye, Praga (CZ), 26 Abr '08]

2008/04/28

Uma Questão de Fuso Horário


Quando os sinos das igrejas de Praga anunciam, em voz alta, os simples mistérios da minha própria vida, é altura de pensar que a minha alegria é pequena comparada à insignificante dor que sinto quando, próximo à minha garganta, se encontra um bocado de comida quente. De alguma forma também misteriosa ando com ela a rolar, entre os dentes e o céu da boca, até que ela arrefeça.

Como a comida quente custa a arrefecer o melhor mesmo é empurrá-la com um copo de vinho. Aceita-se portanto que ela não sabe a nada.

São estes pequenos acontecimentos que me permitem concluir que o tempo não se expande.

[photo by Kraak @ Castelo de Praga, Praga (CZ), 26 Abr '08]

2008/04/24

Jezabel Era Puta, Pata Brava ou Spam?


A comédia de algumas vidas humanas é divina. Não faltam por aí princesas fajutas que agem como a princesa Jezabel. Sim, fajutas, porque para ser princesa é preciso ser filha de rei.

Supostamente determinadas, contemporâneas e assumidas como independentes, putas não serão, pois estas, as verdadeiras, já a própria Bíblia as citava e não seriam de todo independentes. As semi-putas, aquilo a que chamo de putas decorativas, ignoram o dinheiro da queca e trocam-no pelo valor cambial da moeda figurativa que mais valor acrescentado lhes trouxer na altura. Agem como as patas bravas que se disfarçam para alcançar os seus objectivos bicando aqui, picando acolá, mordendo além, ladrando para a vida dos outros em modo colchão-migratório.

A sociedade anda impregnada de spam sem estilo.

[photo by Mano Joca @ Dublin Writers Museum, Dublin (IE), 7 Abr '08]

2008/04/23

As Rotas Circulares



A propósito de rotas e existências, existem carreiras que são circulares.

Existência



Dizer que nunca ignorei as palavras dos outros talvez seja demasiado forte. Sempre precisei delas. E das minhas. Os outros que procurei, com as suas palavras, sempre abrangeram um vasto leque de indecisão, inocência, força, sentido e sobretudo de existência, pois para ouvirmos outras palavras é preciso saber onde as buscar. Não apenas uma, mas duas, três ou quem sabe, quatro ou mais.

Se somos o que a nossa gramática aceita como palavras correctas, pelas veias que habitam o nosso corpo passam frases prontas que ecoam os nossos sentidos, nomeadamente o da audição. Tanto ouve o coração como a mente.

As rotas por onde vou partem de mim próprio. Sou eu que as escolho. Nunca me obrigaram a ir para a esquerda quando sabiam que eu queria ir para a direita. Nunca me proibiram de ir para a esquerda quando sabiam que me iria custar muito se para lá não fosse.

2008/04/22

Olhos Fechados. Cara Molhada.

"Come sail your ships around me
And burn your bridges down.
We make a little history baby
Every time you come around.
Come loose your dogs upon me
And let your hair hang down.
You are a little mystery to me
Every time you come around.

We talk about it all night long
We define our moral ground.
But when I crawl into your arms
Everything comes tumbling down.




Come sail your ships around me
And burn your bridges down.
We make a little history baby
Every time you come around.





Your face has fallen sad now
For you know the time is nigh
When I must remove your wings
And you, you must try to fly.

Come sail your ships around me
And burn your bridges down.
We make a little history baby
Every time you come around.
Come loose your dogs upon me
And let your hair hang down.
You are a little mystery to me
Every time you come around."

[The Ship Song, por Nick Cave & The Bad Seeds]

2008/04/20

Uma Parte da Mente Trabalha e Não Damos Conta


Não muito..., nada de vulto..., talvez mesmo nada, embora muitos, por afinidade me digam que sim. Acho que todos nós, se tivermos tempo, fazemos alguma coisa na vida. De qualquer forma e por um determinado lado, nada fiz comparado à escrita de um livro. Pelo menos sei quando abrandar o passo quando a fadiga aparece. Se tivesse jantado, não teria fome, é certo.

O meu juízo felizmente não seca e como não sou filho de pai burro nem de mãe puta, sei que para entrar na piscina, primeiro tenho que me descalçar.

Voar, talvez seja um dos maiores feitos da engenharia humana.

[photo by Kraak @ James Joyce Centre, Dublin (IE), 6 Abr '08]

2008/04/18

Electric Engine, by Kraak a 19 Abr '08


Se no Inferno, os tormentos não podem ser vencidos pelo hábito, a suprema tortura desse lugar é a sua eternidade... Como não compreendemos muito bem o teor dessa palavra, o melhor mesmo é imaginar que as penas do Inferno não são assim tão terríveis. Como isto com certeza não dura sempre, o melhor mesmo é saírem de casa no próximo sábado, para suportarem (haha) mais uma noite animada [cof cof - estou com tosse, deve ser do tabaco :S -], "Electric Engine", que decorrerá a partir das 23 hs, no Bar do Bairro, Rua da Rosa, nº 255, em Lisboa. O dj-set é feito cá pelo Kraak. :P

"Cause holy cow, I love your eyes
And only now I see the light
Yeah, lying with me half-awake
Oh, anyway, it's looking like a beautiful day
"

Último dj-set: The Purgatory Line (c/ Suprah + The Bleeps), 12 Abr '08, via Kraak FM <'+++<.
Flyer by Tiago Santos

2008/04/17

Xeque ao Rei


Os corações das cidades recordam-me outros portos, nostálgicos, onde os tempos modernos ainda permitiam alguma harmonia. O porto, esse era e ainda é pequeno. Um cenário vivido intensamente onde se desenrolavam diálogos a dois cujas testemunhas eram as paredes com azulejos pintados de castanto claro, as plantas ora verdes ora amareladas pelo sol e as janelas que se escondiam por trás de uns cortinados também claros.

Portos intemporais, recatados, povoados pela calma transmitida pelas cores, pelas frutas na mesa presentes, pelos olhares de conforto que só sentimos em casa. Tudo acompanhado com um bom café que através da sua suave e espumante alegria líquida se derramava por estas palavras.

2008/04/16

A Transição





Where are you going?






[photo by Kraak @ Dublin (IE), 5 Abr '08]

2008/04/15

Os Churros e As Farturas da Hilda


Foi hoje anunciado, via Blitz, que os norte-americanos The National estarão em Portugal, mais precisamente em Guimarães, no próximo dia 18 Jul '08, inseridos no Evento Manta. Não há fome que não dê em fartura... Em 2 meses, os The National vão dar 3 concertos em Portugal.

Qualquer dia já ninguém os consegue ouvir... NOT! E... 'Boxer' que, na minha modesta opinião, nem é o melhor álbum dos The National.

Deve ser aí, no berço da Nação, que a minha civilização se inverte e parto à Reconquista.

[photo by Mano Joca @ Olympia Theatre, Dublin (IE), 5 Abr '08]

Pouca Coisa


Falam-me de coisas. Não acredito nelas. Mas porque me incomodam aqui, se eu tenho estado noutro sítio que não este? Passaria bem sem isso, apesar de alguma informação retida. Para o futuro... nunca se sabe. Aprendi tanto acerca das pessoas que o que me deixa ainda mais boquiaberto é ficar a dever o que não devo a pessoas com quem a minha comunicação foi reduzida e que agora, o que ainda resta se reduz a restos de comida de plástico raspados de um caixote de lixo.

[palavras inspiradas no texto de Samuel Beckett, "O Inominável"]

[photo by Mano Joca @ Dublin (IE), 6 Abr '08]

The Purgatory Line + Suprah + The Bleeps @ MusicBox, 12 Abr '08


A quem possa interessar, um pequeno resumo sobre o concerto dos Suprah e dos The Bleeps no passado dia 12 Abr '08, no MusicBox, em Lisboa, pode ser aqui lido e visto. Obrigado, Crama!. O set da noite "The Purgatory Line", pode aqui ser conferido. :)

2008/04/11

The Purgatory Line (w/ Suprah + The Bleeps) a 12 Abr '08


Já estamos em Abril e, apesar dos intensos aguaceiros recentes, o sol, ainda novo, vai delicadamente rebentar pelos arvoredos trazendo consigo novas cores e tonalidades, mesmo que nos locais mais distantes deste país. Como não podemos dormir de olhos abertos neste mundo cheio de novos tons, terá lugar no próximo dia 12 de Abril, no MusicBox, a partir das 23 hs, o primeiro concerto organizado pela mais nova empresa promotora de espectáculos nacional: a Undergrave Productions.

A Undergrave Productions nasceu como o fruto de uma paixão militante dos seus 2 sócios fundadores (eu e a Rita Maria Josefina) pela Música que ultrapassa a vulgaridade dos tops comerciais.

Desta forma, serão todos bem-vindos para o concerto dos britânicos The Bleeps, cuja 1ª parte é assegurada pelos portugueses Suprah. O DJ-Set é assegurado pelo dj de serviço, de nick Kraak, com a noite baptizada de "The Purgatory Line".

Entrada: EUR 10, com direito a uma bebida. :)

Aproveitem o passatempo que se encontra a decorrer na Rádio Radar, 97.8 FM que dá direito a entradas duplas.



Line Up:

23:00 - Kraak DJ-Set
0:00 - Suprah
(Kraak DJ-Set)
1:00 - The Bleeps
(Kraak DJ-Set)

Mais informação via Kraak FM <'+++<, onde tudo acontece. O set da última noite, Boredom & Insanity, encontra-se aqui disponível.

Apareçam! :))

2008/04/05

A Vida Cumpre o Seu Ciclo


No momento em que a agulha continua a tocar o disco, penso na magia de uma fuga e no que me sai através do teclado do computador. Uma magia que não fez de mim a deusa Banba, uma fuga que coincide temporalmente com a minha última absolvição. Como se para me perdoar a mim próprio, preciso primeiro perdoar todos os outros, o que já de si não é uma tarefa fácil. Portanto a clemência alcança-se ao fim de algum tempo, se é que um dia poderemos ter o direito de a reclamarmos para nós próprios.

Revestindo uma saga já passada, embora desta vez sem comparações à minha fragilidade existencial que permitiu a criação desta Paixaum >+++'>, volto a tentar percorrer os caminhos da magia que esta terra me permitiu, mas plenamente consciente de que só os comboios de brincar é que andam aos círculos, por pistas que montamos no chão dos nossos quartos. Consciente de que não se apanha um qualquer comboio temos que ter cuidado com os assentos, sobretudo os de madeira, para que a inercia não nos atire um qualquer cavalinho, um qualquer carrinho, um qualquer boneco Walt Disney, como se estivéssemos num parque de diversões, a girar, ao contrário da Terra, em torno de um eixo vertical assente no chão.

Para quem se apercebeu que nos parques de diversões só existem comboios fantasma, recomenda-se a fuga deles, enquanto ainda há tempo, porque estes andam em circuito fechado.

Certo? Certíssimo!
Um destes dias, quem sabe, volto a falar bonito.

2008/04/04

Stella Polaris

Num livro que não foi escrito, talvez eu não tenha existido. A impressão daquilo que é estranho é tão claro como a Terra girar sobre o seu próprio eixo. O peso da ausência actua como as estrelas que parece girarem à volta da Estrela Polar. Constelações e brilhos à parte, porque as ursas actuam como os sinais matemáticos de desigualdades: maior, menor, mas nunca igual, há que dar o sentido estrito aos pontos que coincidem com a projecção da Terra.

Nas minhas rotas marítimas, deixo-me guiar pela Cynosura. Em terra continuo a guiar-me por ela, já que o eixo da Terra aponta sempre para a Stella Polaris.

[photo by Kraak @ Estação de Entrecampos (ML), Lisboa, 3 Abr '08]

2008/04/03

April Sun


Não era "Roscoe". Não era "Neighborhood #1 (Tunnels)". Não era "Mr. November". Não era. Não era. Não era. Não era. Não era. Não era. Não era...

De cada um dos lados da multidão, os olhares cruzaram-se, o espanto chegou-me aos ouvidos como a surpresa em forma de expressão real, mesmo que com a minha voz abafada.

Se eu pensava que só a vida nos feria, apercebi-me que também a música, de certa forma, o pode fazer. Se duas flautas (ou pelo menos uma delas) procura(m) a absolvição do tempo, repõe-se a música do princípio - contador do tempo = 00:00 - e, entre portas que se abriam e fechavam, fiquei sem adivinhar em que estação iria descer. 4 minutos e 21 segundos depois, a força e a doçura da música permitiram-me sair na estação habitual.

Não me roubem esta canção. E tu, que música ouves?


2008/04/01

O Meu Encontro Acidental com James Murphy


Hoje à tarde, decidi ir até à estação com uns colegas para tomar um café. Qual não é o meu espanto, quando ao passar pelas bilheteiras, um cavalheiro vem ter comigo e pergunta:

-Sorry, do you speak English?
-Yes. Can I help you?
-Could you help me to find a train to Oporto?
-Of course I can. Let's check the timetable.
(estivemos a ver os horários e expliquei-lhe como deveria fazer)

-Thank you very very much. You saved my life.
-Did I? Haha. No, you saved mine! Look, you are James Murphy, aren't you? From LCD Soundsystem.
-How did you recognize me? :S

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e assim fomos os 2 alegremente tomar uma refastelada bujeca ao café da estação. Depois acompanhei-o ao comboio. Pronto, não foi um Coffee Scum, mas um Beer Scum.

WEEE!