2005/03/07

Comboios (Divagações Sobre Recordações)


[ Kraak/Peixinho @ Estação de Santarém, 1988 ]

O comboio avança, as estações sucedem-se, as horas correm. Pensando nas fases da vida que não são já as de infância, acho que uma viagem de comboio é, também, como uma representação do tempo da própria vida, da sua duração com as suas frases e ilusões distintas, com as suas repetições também previstas e também com as suas monotonias. Porque em determinada estação é previsível que ocorra algo sempre igual, sempre e em outra ocorrerá algo também parecido por experiência anterior.


Só que a chegada a uma determinada estação poderia ser comparada com a abertura de uma grande ópera. Porque de facto anunciava algo prometedor e grandioso.

Os comboios mudaram... mas deixaram a sua consciência romântica desde o seu nascimento no século XIX (século romântico por excelência).

3 comentários:

Anónimo disse...

"Não é recomendável descobrir símbolos em tudo o que se vê. Por esse prisma, a vida mais não será que uma enfiada de terrores"

Oscar Wilde

Anónimo disse...

somos todos feitos das nossas recordações, passados, mas porque ter medo de continuar a viver, de sentir, ter cor?... é o que nos faz ter forças para lutar por algo melhor... nao desistir!... senão o que estamos aqui a fazer? meros espectadores?...
a vida e uma sucessão de morte e de renascimento, que a alegria intensa nasceria do sofrimento e do desespero...
sentir é o que nos faz viver!!!

menina azul

Anónimo disse...

O importante não é pensar na estação que passou, mas naquela que há-de vir... como pode ser bela e aconchegante, como posso ser feliz nessa mesma estação... Das que passaram fica-nos a imagem, o cheiro, a cor, a lembrança... tudo aquilo que nos faz sorrir e que nos faz pensar que a proxima poderá ser ainda melhor...

Não é mesmo esse o "glamour" dos comboios???...

Tigas