2005/03/02

O Maquinista e a Estação

Finalmente, quando a oposição interior cresceu, formando uma tensão insuportável, teve uma ideia feliz: decidiu introduzir uma espécie de liberdade na escolha da meta, estabelecendo os pontos limite. Graças a isso, o conceito de estação, perdendo muito da sua clareza, passava a ser algo evasivo, algo só esboçado levemente e de forma elástica. Esta possibilidade de transpor os limites, garantindo uma total liberdade de movimentos, não constrangia o travão. Os pontos de paragem, tendo ganho um carácter arbitrário, transformaram a palavra estação num termo indeterminado, livre, quase fictício, que já não era forçoso respeitar; resumindo, a estação compreendida tão amplamente, subjugada a uma livre interpretação do maquinista era agora menos perigosa, apesar de ser igualmente repugnante.

Tratava-se portanto e sobretudo de nunca parar o comboio no lugar mais ou menos marcado pelo regulamento, mas mudar sempre um pouco, para a frente ou para trás.

(Grabinski, S.)

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