MAR ADENTRO
Conseguimos respirar ao ver este filme? Sentir o momento? Perder a direcção? Como te sentes quando não podes ver o sol? Ou quando só ouves a chuva a cair? Sentidos que (quase) nunca sentimos na realidade e que de uma certa forma nos fazem sentir pressionados? Sentidos, sentimentos, vida, imagens, sorrisos, ...
Deixo-vos um pequeno texto de um dos meus livros favoritos. Para quem quiser reflectir... para todas as situações.
"Quando uma pessoa já viu um afogado, quase recém-saído da água, deitado ainda na areia ou na beira do caminho, não há muito a dizer. É sempre igual. Uma pessoa não compreende muito bem porque há gente que se afoga certos dias, quando as ondas não são muito fortes e o mar está calmo. Às vezes são situações imprevistas, cãibras numa perna ou nas duas - mais grave - uma congestão, uma angina de peito ou algo mais orgânico, mas igualmente perigoso como uma corrente marinha, o ataque de algum animal maligno, ou a impossibilidade de voltar à superfície depois de se enredar nas algas, ali onde se formam bosques ou pradarias. Outras situações pouco claras, quando o próprio afogado faz por se afogar, quando entra na água sabendo que não vai sair, que não quer sair, que vai ficar debaixo de água, estático, cego, surdo, com a boca aberta engolindo o oceano, inundado, encharcado, sem respiração, morto. O demais não importa, se é um homem ou uma mulher, se um menino ou um velho, é sempre o mesmo, o palco terrível de uma tragédia clássica."
[ Queipo, Xavier in "Bebendo o Mar" (Título Original: "Papaventos") ]
Quem me dera viver no mar...
Deixo-vos um pequeno texto de um dos meus livros favoritos. Para quem quiser reflectir... para todas as situações.
"Quando uma pessoa já viu um afogado, quase recém-saído da água, deitado ainda na areia ou na beira do caminho, não há muito a dizer. É sempre igual. Uma pessoa não compreende muito bem porque há gente que se afoga certos dias, quando as ondas não são muito fortes e o mar está calmo. Às vezes são situações imprevistas, cãibras numa perna ou nas duas - mais grave - uma congestão, uma angina de peito ou algo mais orgânico, mas igualmente perigoso como uma corrente marinha, o ataque de algum animal maligno, ou a impossibilidade de voltar à superfície depois de se enredar nas algas, ali onde se formam bosques ou pradarias. Outras situações pouco claras, quando o próprio afogado faz por se afogar, quando entra na água sabendo que não vai sair, que não quer sair, que vai ficar debaixo de água, estático, cego, surdo, com a boca aberta engolindo o oceano, inundado, encharcado, sem respiração, morto. O demais não importa, se é um homem ou uma mulher, se um menino ou um velho, é sempre o mesmo, o palco terrível de uma tragédia clássica."
[ Queipo, Xavier in "Bebendo o Mar" (Título Original: "Papaventos") ]
Quem me dera viver no mar...
4 comentários:
Por vezes não é necessária água para nos afogarmos... A vida está cheia de correntes enganadoras e redemoinhos que nos levam ao afogamento...
O próprio filme mostra como duas pessoas podem viver um mesmo problema de formas diferentes... uns afogam-se outros não... a razão? não sei... espero vir sempre à superfície e que aqueles de quem gosto, me deixem trazê-los comigo
Tigas
A questão é saber se mesmo os que regressam à superfície já não estarão afogados.
Hugzz
Literalmente mar adentro. No próprio filme se descreve que a morte por afogamento é algo doce e indolor. Será essa a razão que os leva a ir mar adentro?
Puto, possivelmente procuramos, devido às nossas fraquezas, um jardim do/no mar, um jardim coberto de água, sem ser fustigado pelo vento, ... Não sei se a morte via mar será doce e indolor. Foi um dos aspectos do filme que andei a reflectir. Nessa altura até acho que concordaria, mas acho que não. A água do mar é salgada e áspera. As ondas raivosas podem fustigar o nosso jardim do mar idealizado. Não sei. Comentas?
Hugzzz
Kraakaum @ Mar
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