2006/10/31

Open Track


Hoje, ao longo de toda esta Linha, é dia de cantões livres, nenhum cruzamento, nenhum atravessamento e nenhuma divergência. Tudo a convergir para um canal sem restrições. Que muitos mais slots apareçam!

2006/10/30

Humidade nos Meus Olhos


Sento-me à porta de casa e olho para a noite. Observo as folhas caídas que cobrem um pouco do teu espaço. Nestes momentos de reflexão, olho para ti e sinto a partilha do meu tempo. Dói-me a cabeça, acendo um cigarro, passa uma mulher por mim, e vejo que nas minhas costas, através de um espelho invisível, ela levanta o seu vestido. Surpreendido fico e reparo o quanto já crescemos, o quanto somos grandes, o quanto não teremos vivido, mas sem ter a certeza se as nossas vidas não se terão apagado. A minha, a tua e a dela.

Dia após dia, noite após noite, procuro por algo certo, caio no desespero, cheiro a veneno, sujo-me de ti e fico sem travões durante segundos. Não sei porquê. Sinto a falta da chuva... talvez ela possa impedir-me de decidir seja o que for. Se as nuvens choram, não vou querer eu também mais águas pluviais por atitudes desnecessárias. Não és uma flor de plástico. Não. Não apago a tua vida mesmo à frente dos meus olhos.

De qualquer forma, eu e tu sabemos que estamos perdidos. Estamos ambos em Nenhures. Perdidos Algures. Talvez amanhã esteja melhor, com muitas cores reflectidas no meu mar as quais irão provocar uma chuva que me impeça de seguir.

Vou aumentar o volume do leitor. Não me olhes desta forma surpreendido. Ainda tenho as chaves de casa. Agora, ris-te.

Arquivo Recuperado: Reportagem Fotográfica-CP





photos by Kraak/Peixinho @ Docas de Alcântara, 29 Out '06.

2006/10/28

Arquivo Recuperado: "No Trains to Sines"



No último verão, aproveitei para fazer algumas visitas ferroviárias pela zona onde andava em férias. É curioso que neste dia 28, quando se comemoram os 150 anos dos caminhos-de-ferro em Portugal, haja cidades que já tiveram o seu comboio à porta, mas que nos tempos que correm, já não o têm. É o caso de Sines: toda a envolvente à volta da estação foi arranjado o que torna de facto o espaço bastante agradável, mas pergunto: uma estação no centro de Sines sem infra-estrutura e consequentemente sem comboios? Só resta o Edifício de Passageiros? Com a modernização da Linha de Sines negaram o acesso ferroviário à cidade. O resultado está à vista. Dista cerca de 2 km da via modernizada.

Dois estrangeiros que também andavam por ali perguntaram-me: "why don't you have trains to Sines?" Pois... boa pergunta.

2006/10/27

Arquivo Recuperado: 150 Anos do Caminho-de-Ferro em Portugal


Comemoram-se amanhã os 150 anos do Caminho-de-Ferro em Portugal. Muito se fez ao longo de todos estes anos e muito ficou por fazer. Talvez mais por fazer do que o que se fez. À parte estas discussões, por vezes inúteis, há que olhar para a frente e acompanhar a tendência da modernidade presente noutras Redes Ferroviárias, abstraindo-nos dos equívocos do passado.

Amanhã ficaremos todos a saber qual a estratégia para o Sector Ferroviário Nacional, apesar de já hoje ter sido levantada a ponta do véu, em notícia veiculada pelo Jornal Público.

...E também é amanhã que será inaugurada uma Mostra Ferroviária (material circulante) e uma Exposição sobre os 150 anos do Caminho-de-Ferro. A Mostra só terá lugar amanhã, a partir das 15hs, e até as 18hs do dia 29 Out '06. A Exposição até 12 Nov '06. O local escolhido foi a Zona das Docas de Alcântara, em Lisboa.


Aproveito a ocasião para divulgar um blog especial desenvolvido pelo Sapo, relativo às comemorações: 150 Anos.

Mais informações, consultar o site da CP.

[ image credits: CP ]

2006/10/24

Pode Ser Revestido a Palha


Subodh Gupta, um escultor indiano que utiliza objectos comuns da sociedade indiana, em especial, peças de cozinha, expôs no passado dia 7 Out '06 um dos seus trabalhos em Paris, inserido no Evento Nuit Blanche.

É conhecido pelo contraste que faz entre a modernidade e o passado. Um belíssimo e criativo trabalho, na minha opinião.

Agora que se aproximam as festividades natalícias e os respectivos folhetins das luzinhas de Natal e da maior árvore de Natal do mundo, vou sugerir a qualquer entidade independente que construa o maior crâneo do mundo, ou pelo menos da Europa, e que deixem o original na sede do Millenium BCP e uma cópia 15 dias à porta de uma estação de televisão qualquer (pode ser a TVI) e outros 15 dias à porta da Câmara Municipal de Lisboa.

A passagem de ano pode ser em São Bento e o dia de Reis à entrada do Continente da Amadora, com a Floribella a dar autógrafos. Depois disto pode ser oferecido ao Presidente da Câmara Municipal do Porto.

[ photo/image credits: Galerie In Situ (Fabienne Leclerc), Paris (FR), via Nuit Blanche ]

2006/10/22

As Rochas Invisíveis do Fundo do Mar


Se todos sabemos que o mau tempo agita o céu, para quê esperar pelas ondas que transformam o mar em algo que nada se parece como um cruzeiro de núpcias?

Se o perigo espreita, se o homem do leme alerta, se o vigia da proa comenta, não será altura para desviar o navio?
Sem mais esperas, tal como os ratos, abandonar o barco, fugir, nadar, nadar muito, até alguma praia, algum ilhéu, algum refúgio.

O comandante, este, normalmente afunda-se com o navio. Com ou sem lágrimas. Como uma pedra. Sem mais comentários...

2006/10/20

Clareza


O que sou eu se algumas horas do dia, alguns minutos da hora nada são?
Ninguém se importaria... porque estou aqui com paixão. Neste mundo.

O que pode ser o Mundo?
Uma alcatifa ou uma secretária? Um CD-R ou uma pista de dança?


Comboios em movimento, comboios que páram ao longo da via à espera de socorro. O meu comboio move-se.

Livre para rir e chorar,
toda esta viagem saborear,
continuar a circular,
até ao alto da montanha que as ondas me ajudam a escalar.

Sem prescrição médica, sou apenas uns segundos do dia.

Está aí alguém a tocar à porta?

2006/10/16

Coisas de Sócios


"dia 12 é hoje!

não tinhamos combinado almoçar hoje?
tou fdda ctg

não atendes o telele
não vês a msg,
não sabes que dia é hoje


alzeimer"

[ I need a rest. ]

2006/10/15

Paixaum >+++'> Indie


Kraak em mais uma sessão indie, "Indie Ride", dia 19.10, no Bar Agito, Rua da Rosa nº 261. A partir das 22h00 e até às 2h00, para quem quiser.

Desta vez, há músicas pedidas, :D, depois do crivo da censura, é claro. :P

Mais informações e temas a pedir, aqui ao lado, no blog de desdobramento, Kraak FM <'+++<.

2006/10/14

Post em Branco

BEGIN

















END.

2006/10/13

A Verdade Incomoda



Se a verdade incomoda muita gente em vários aspectos da nossa vida social, não é menos verdade que o documentário em exibição "Uma Verdade Inconveniente" (Davis Guggenheim) também parece incomodar muita gente por este mundo bem como parece passar ao lado de uma outra série de gente espalhada pelo globo.

Incomoda porque o tema em si não é muito pacífico e atenta contra os poderes de algumas pessoas bem instaladas. Por outro lado também incomoda porque, além das qualidades do documentário (estas não incomodam!) o documentário peca pela tentativa de detenção da verdade absoluta e possivelmente alguma falta de modestia.

Sendo o ex-futuro presidente dos US, Al Gore, a estrela principal do filme, por vezes tudo o que se vê parece querer tirar um certo proveito e protagonismo político para a continuação da sua carreira, o que pode parecer a venda da banha da cobra.


O documentário não é mais do que a exibição de uma conferência sobre as grandes mudanças climáticas na Terra que Al Gore tem andado a fazer por todo o mundo (embora pelo meio haja umas idas ao passado da própria vida pessoal de Al Gore). Verdade seja dita que o faz de uma forma talentosa. Não sei é se na sua vida prática também, de uma forma talentosa, contribui para as melhorias que tanto insiste.

Abstracção dos inconvenientes citados, o documentário tem todo o mérito. É preciso cada vez mais tomarmos consciência do que todos nós estamos a fazer para todas estas alterações e por tudo aquilo que não temos feito para evitar o descalabro para onde caminhamos. Não é do futuro do planeta Terra que falamos, mas sim do nosso futuro e das gerações vindouras. A Terra vai durar ainda muitos e muitos milhares de anos.

O que tens feito?

"Uma Verdade Inconveniente" em exibição em várias salas de cinema.

2006/10/09

A Mobilidade dos Carrinhos de Compras


Se a mentalidade é baixa, como é possível viabilizar a sobrevivência da nossa espécie lusa? Com "um discurso analfabeto" (está entre aspas porque a expressão é de um amigo meu), ontem à tarde consegui perceber a mobilidade dos carrinhos de compras no Intermarché (sim, fui ao Intermarché :P). Espantoso quando o meu carrinho de compras, vazio, estacionado numa determinada secção durante uns míseros 15 segundos, se preparava para ser atacado para regressar à secção exterior e assim, os meus € 0,50 irem parar aos bolsos do bimbo que planeava a operação de mobilidade.

E não. Não eram russos nem romenos nem brasileiros nem africanos. Era mesmo um daqueles 'tugas de gema, vindo do interior esquecido, ostracisado e isolado.

Problema mental? Para a próxima convido-o para um café especial.

Arquivo Recuperado: Túnel do Rossio

2006/10/05

Sociedade utópica


As pessoas têm pensamentos horríveis, eu incluído na lista. A questão é que na maior parte das vezes, esse lado mais escuro não é delas próprias mas de outras pessoas. Não sei se isto não será uma forma negativa de ser e até acredito que algumas pensem: "Não, eu agora tenho que ser mais decente com as pessoas", o que pode parecer um pouco patético.

O mais curioso é quando as pessoas pensam e dizem coisas "horríveis" e julgam estar a ser agradáveis. Mas que seca! Esta gente já cheira mal. Provincianas. "Baza daqui e vai ser simpática com outro gajo qualquer."

Ontem disseram-me que eu parecia um garoto (fiquei bastante satisfeito) e que não podia ser (fiquei bastante furioso). É preciso aparentar a idade que tenho. A cabra, por outro lado, aparenta ter mais 10 anos que a verdadeira idade que tem registado no BI.


Por estas e por outras que curto a madrasta e as meias-irmãs da Cinderela, a bruxa que quer envenenar a Branca de Neve, o lobo mau que se disfarça de avózinha do Capuchinho Vermelho, o Coiote e o Tom.

2006/10/03

Mediocridade e Cinismo


Lembro-me de um tempo em que quando se apagavam as luzes, eu tinha medo. Não sei se tenho ou não saudades dessa época. Época onde a inocência dos fantasmas e das bruxas arrancava a pele dos meus ossos sem eu saber que festa era essa ou em qual dos canais de televisão tal ocorria.

Agora tenho medo de algumas luzes que se acendem: aquelas em que não acredito no que se passa à minha volta, as que me causam transtorno mental, as que me causam vómitos políticos, as que não iluminam seguramente o meu quotidiano profissional.

O melhor é pôr o tempo presente de lado e, antes que a mediocridade e o cinismo cheguem com um atraso inferior a 15 minutos, sugerir àqueles que acendem as luzes que efectivamente assustam, que escalem a sua chaminé do sucesso dentro da sua própria caixinha de plástico da loja dos 300, pois os monstros não estão no céu nem descem da montanha até ao povo: já cá estão e não voltam para onde vieram.

Gente assim não deveria sequer tirar os sapatos. Apesar da classe (social) que julgam ter ou fingem ter, devem ainda pensar nos tempos em que as luzes estavam apagadas e divertiam-se a mandar peidos.

Em breve surgirá um novo comboio InterCidades que nos leva da Mediocridade para o Cinismo.

2006/10/01

Aniversário do Pai Kraak


Se estava escrito na tua face aquilo que existia na minha mente, acredita que há muitas outras questões que um dia irás responder-me. Mas de certeza que neste teu dia, nos teus 65 anos, eu estava por aí como um satélite, a girar à tua volta, sem que desses conta, tal como a lua que gravita à volta deste planeta.

Com uma rota por definir, aguardo pelo dia em que iremos caminhar os dois centenas de metros, até que o sol desapareça, e no escuro da noite, no silêncio da cidade, as estrelas ajudarão a que todas essas coisas fluam de ti.


Espero que tenhas tido um dia feliz.

Está soletrado na tua voz. Está escrito na tua face.

Amo-te!